segunda-feira, 7 de maio de 2012

HÁ 28 ANOS ESTREAVA A NOVELA “PARTIDO ALTO”


No dia 07 de Maio de 1984 a Rede Globo estreava a novela “Partido Alto” exibida no horário das 20 horas, tinha como protagonistas Elizabeth Savalla e Claudio Marzo. Confira a sinopse da trama:
Juntando aspectos clássicos do folhetim com temática e encenação modernas, a história mostrava dois mundos opostos. Isadora, filha do rico industrial Amoedo, sai de um casamento problemático com Sérgio, um mau-caráter, e se envolve com o professor Maurício. Este, por sua vez, é assediado por Celina, a jovem filha do bicheiro Célio Cruz, envolvido com um roubo de jóias. O bicheiro além da família oficial - com a esposa, Isildinha, e os filhos Celina e Felipe - divide seu tempo com a amante, Jussara, manicure e porta-bandeira da escola de samba Acadêmicos do Encantado [1]da qual ele é patrono, com quem tem um filho, Jorginho.
Do outro lado da história está Amoedo, que esconde um segredo: a verdadeira identidade da mãe de sua filha, Isadora. Ela é Nanci, cuja filha lhe foi tomada dos braços, e, com muita dificuldade, criou o outro filho, Fernando, com a ajuda da irmã, Sulamita. Eles são moradores do bairro do Encantado, onde residem Jussara e vários tipos do subúrbio carioca. Fernando acaba por se envolver com Irene, uma mulher madura e sofrida, além de bem mais velha que ele.
E ainda há o "mudo" Jesus, um esposo submisso que não diz uma palavra, obedecendo à esposa, Iara. Isso sem falar no malandro Políbio, um guru de araque que vive de explorar a ciumenta e insatisfeita Gilda.
Curiosidades:
  • Partido Alto marcou a estréia de Aguinaldo Silva e Glória Perez como autores titulares de novelas. Antes ele escrevia minisséries e ela era colaboradora.
  • Os dois anunciaram que a novela seria uma volta ao "novelão", calcado no estilo de Janete Clair, notadamente em Pecado Capital.
  • Terceira novela de Elizabeth Savalla e Cláudio Marzo fazendo o casal protagonista. A duas primeiras foram, respectivamente, Plumas e Paetês e Pão Pão, Beijo Beijo, todas curiosamente começavam com a letra P.
  • Elizabeth Savalla e Lilian Lemmertz voltariam a contracenar como mãe e filha na televisão,a primeira vez foi em O Homem Proibido.
  • A novela teve vários títulos provisórios: "Vida Minha", "Bateu, Valeu" (em referência à roleta que sorteia os animais no jogo do bicho) e "Quando as mulheres amam" (este chegou a ser usado nas primeiras chamadas, mas apenas na voz do locutor).
  • A trama abordava um tema polêmico: o poder cada vez maior do jogo do bicho na vida carioca, simbolizado através da figura do bicheiro Célio Cruz, personagem de Raul Cortez. Graças a isso, a novela sofreu inúmeras interferências da censura.
  • A influência do jogo do bicho já tinha sido mostrada em Bandeira 2, novela global "das dez" (1971 / 1972).
  • O núcleo suburbano da novela vivia no bairro do Encantado, onde Célio Cruz era o rei e comandava a escola de samba "Acadêmicos do Encantado".
  • A escolha da atriz principal foi difícil, segundo a revista Contigo! na época, Sônia Braga, Regina Duarte e Vera Fischer recusaram o papel, que ficou com Elizabeth Savalla, que viveria mais uma mocinha, depois de ter interpretado alguns meses antes a vilã Bruna, de Pão Pão Beijo Beijo.
  • O personagem do escritor Da Matta, que tinha uma paixão platônica pela personagem Isadora, foi criado originalmente para o ator Paulo José, mas um erro de digitação durante a escalação fez com que fosse chamado o ator Paulo César Pereio, grande nome do cinema brasileiro.
  • A primeira cena da novela mostrava o marginal Escadinha (Ney Latorraca) entrando num botequim e pedindo um bombom "Vida Minha", ele comia o bombom e imediatamente morria envenenado, dando início à trama.
  • Logo no primeiro mês da novela aconteceram modificações, todo um núcleo de personagens negros foi eliminado - eram capangas de Célio Cruz, interpretados por Cosme dos Santos, Antônio Pitanga e Hélio Procópio Mariano. Também foram suprimidos os personagens de Liane Maia (namorada de Piscina), Ângela Rabelo (a amiga desta), Nélia Paula (uma sucateira), Débora Duarte (mulher de Da Matta) e Edney Giovenazzi (dono de uma boate).
  • Em apenas uma cena, Laura (Débora Duarte), que era obcecada por Da Matta e tinha Alceu (Edney Giovenazzi) apenas como confidente, resolve deixar o amante. Alceu estava vendendo a boate e iria partir numa viagem. Os dois davam-se as mãos, deixando subentendido que iriam juntos e começariam um romance.
  • Depois de inúmeros problemas entre os dois autores, Aguinaldo Silva resolveu deixar a trama e Glória Perez passou a conduzir a novela sozinha até o final.
  • A Censura mais uma vez mostrou sua força e barrou o epílogo, em que Célio Cruz fugia com o comparsa Reginaldo, e com as jóias roubadas, para a Suíça. Regravado pouco antes de ir ao ar, o capítulo mostrou os dois sendo presos, contudo apresentou uma insinuação de suborno por parte de Célio: "Ainda é possível dialogar?".
  • Em dada cena, Célio vai encontrar um homem misterioso para tratar de negócios escusos. Ao fim do capítulo, Célio pergunta: "Já chegou, sócio?". No capítulo seguinte, vê-se que o tal "sócio" é Sérgio, executivo das empresas de Amoedo e ex-genro deste.
  • Maurício Vilela era professor universitário de História.
  • Nessa telenovela, os dois autores já mostravam características que estariam presentes em seus trabalhos futuros, ao elaborarem personagens muitas vezes caricatos, interagindo no subúrbio carioca. O forte de ambos sempre foram os temas sociais.
  • Um dos melhores personagens foi Jesus (atuação elogiada de Germano Filho), um humilde suburbano que, em sua casa, não tinha voz ativa, tudo era resolvido por sua mulher, Iara (Ilva Niño), especialmente as brigas entre as filhas do casal: Cidinha (Elizângela) e Salete (Cininha de Paula). Iara sempre tomava decisões injustas, defendendo Salete, que seria "fraca da cabeça", mas na verdade era uma manipuladora, e Jesus nada podia fazer, mesmo antes de tentar dizer algo, Iara soltava o bordão: "Cala a boca, Jesus!". O personagem passou a novela inteira sem dizer uma palavra.
  • Só no último capítulo, ele se revolta e faz um discurso no meio da rua, criticando não só a mulher e as filhas, mas também os vizinhos. E prometendo que, dali em diante, quem iria mandar em casa seria ele.
  • Primeira novela de Roberto Bataglin, Carla Daniel e Guilherme Karan.
  • Karan vivia um golpista que bancava o guru para tirar dinheiro de mulheres ricas: Políbio, que virava braço direito da fútil Gildinha (excelente trabalho de Suzana Vieira). Políbio levava junto seu amante, Raposo (Guaracy Valente), como seu ajudante. A relação entre os dois era mostrada de forma bem sutil.
  • Em Partido alto pela primeira vez se mostrava um personagem ligado ao mundo do funk carioca: Mister Soul (interpretado por Arnaud Rodrigues, de cabelos descoloridos) era um disc jockey que promovia bailes no bairro do Encantado. O personagem era calcado nas figuras de Monsieur Limá e Ademir Lemos, DJ's populares no Rio de Janeiro, na época.
  • O personagem também promovia concursos de dança break. Na abertura da novela a dança também era mostrada.
  • A atriz Betty Faria inicialmente iria participar da novela das sete, Transas e caretas, mas, quando ia começar a gravar como a dançarina Liana, resolveu aceitar o convite para Partido alto. Foi substituída na novela das sete por Lady Francisco.
  • Raul Cortez e Célia Helena, que interpretaram o casal Célio Cruz e Isildinha, foram de fato casados na vida real, mas na época da novela já estavam separados.
  • Betty Faria fez de sua passista Jussara, um grande sucesso. Tanto, que estampou a capa da revista Playboy, de outubro de 1984. Bem, como Christiane Torloni, que estampou a capa da revista Playboy, de novembro de 1984, graças à sua personagem, Selma.
  • A novela despertou opiniões diferentes em alguns de seus intérpretes: Raul Cortez, que interpretou o inesquecível Célio Cruz, destacava que esse foi um dos papéis que mais gostou de ter feito em toda a sua carreira. Já Glória Pires, que viveu sua filha Celina, acredita que participou de uma obra sofrível.

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