No dia 31 de Maio de 2008, a Rede Globo exibia o ultimo
capitulo da novela “Duas Caras” de autoria de Aguinaldo Silva, exibida no
horário das 21 horas e protagonizada por Dalthon Vigh e Marjorie Estiano.
Confiram a produção da novela:
Durante certo tempo, houve uma disputa entre o autor e Benedito Ruy Barbosa (este responsável por
outra telenovela em pré-produção na época, Amor Pantaneiro, que acabou
nem sendo produzida) para decidir quem escreveria a substituta de Paraíso Tropical, no final de 2007 como novela
da 21h. Embora inicialmente a disputa pendesse para o lado de Benedito, ao fim
das discussões ficou decidido que É a Educação, Estúpido! entraria no ar
no lugar da trama de Gilberto Braga, com Amor Pantaneiro sendo
exibida apenas a partir de meados de 2008.
Mudanças no Enredo:
Ao ser questionado pela coluna "Controle Remoto" do jornal O Globo, em
5 de
outubro de 2006, sobre quais seriam os temas abordados na telenovela, o
autor teria respondido:
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Não tenho ainda a trama central, o 'escândalo' que faz uma
novela, mas já criei personagens especialmente para Suzana Vieira, Marília
Gabriela e Bárbara Borges
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A partir daí, diversas mudanças em relação ao enredo da telenovela começaram
a surgir. Em 21 de outubro de 2006, em entrevista ao site Terra,
o autor concedeu diversos detalhes sobre a trama, contando sobre como abordaria
a "importância da educação e da cultura", inclusive declarando que o
núcleo principal da trama se situaria numa universidade. Até este ponto, Suzana
Vieira seria a protagonista, Leonor Villela, e Marília Gabriela, a vilã da
trama. Além da educação, outro tema que seria abordado pela telenovela seria o
da favelização, principal motivo pelo qual o Rio de Janeiro havia sido escolhido como
cenário, com Aguinaldo inclusive declarando que ambientaria a trama nos bairros de Rio Comprido e Catumbi[11].
Entretanto, poucos meses depois, durante uma entrevista à Folha
de S.Paulo, o autor declarava um enredo principal bastante diferente. A
trama não mais seria protagonizada por Suzana Vieira, mas sim por Eduardo
Moscovis. Tal personagem seria baseado em um censor dos tempos da ditadura
militar. O personagem foi inspirado em "um sujeito chamado Romero Lago,
que, na década de 1970, chegou a ser chefe da Censura Federal, até que
descobriram que ele não era Romero nem Lago, mas outra pessoa, condenada por um
crime gravíssimo". Ele "(…) dá um grande golpe numa mulher (Carolina Dieckmann) por quem fingiu se
apaixonar. Ele foge, faz uma série de plásticas e se torna uma pessoa respeitável.
Até que, dez anos depois, o seu verdadeiro passado volta, na figura da mulher
que ele traiu", conta Silva à Folha de São Paulo, do dia 10 de
dezembro de 2006.
A história do personagem foi parcialmente baseada, também, na figura do
ex-deputado José Dirceu, que ao fugir da ditadura militar para Cuba, passou por
cirurgias plásticas para mudar suas feições para que pudesse retornar ao Brasil
sob uma outra identidade[
.
Escolha do Elenco:
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Posso garantir, e é bom a TV Globo levar isso em conta,
que sem Moscovis e Zé Mayer perderei boa parte da vontade de escrever essa
novela.
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— Aguinaldo Silva, sobre a escolha do
elenco[13]
|
Durante sua pré-produção, a telenovela enfrentou alguns problemas para a
escalação do elenco, principalmente com os protagonistas. Inicialmente, quem
estava escalada para interpretar a protagonista - chamada Maria Clara, porém
que depois mudou para Maria Paula - era Carolina Dieckmann, que declinou o convite ao
ficar grávida].
Para substituí-la, Mariana Ximenes também chegou a ser convidada, mas
preferiu tirar férias após ter emendando diversos trabalhos em telenovelas. O
outro protagonista seria Eduardo Moscovis, convidado para ser Marconi
Ferraço. No entanto, o ator acabou recusando o papel, que ficou para Dalton
Vigh. José
Mayer foi inicialmente cotado para interpretar Juvenal Antena, papel que
acabou ficando com Antônio Fagundes.
O nome do jovem ator Mussunzinho apareceu na abertura durante toda a
apresentação da novela, mas ele não chegou a aparecer na trama.
Cenário:
Um dos pontos de maior destaque da produção é o fato de abordar a
favelização brasileira. Um dos cenários da telenovela é a fictícia favela da
Portelinha, liderada pelo personagem Juvenal Antena (Antônio Fagundes). A
Portelinha destaca-se por não apresentar infiltração de traficantes, sendo
constituída meramente por trabalhadores. Inicialmente, ela se chamaria
Mangueirinha, e seria situada em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio.
A cidade cenográfica montada para a telenovela foi inspirada na favela de Rio das Pedras. Para a
sua construção, a equipe da Rede Globo realizou dezenas de visitas à
comunidade, reconstituindo diversos trechos da comunidade de forma fiel, mas com
alterações que possibilitassem à equipe de filmagem realizar as cenas, além da
inclusão de novos lugares, como a escola de samba e o terreiro da personagem
Setembrina. Quando um plano geral da Portelinha era exibido, entretanto, o que
estava sendo exibido verdadeiramente era a favela de Rio das Pedras, alterada
digitalmente para que fosse inserida, num espaço de sete quarteirões, a cidade
cenográfica. A cidade cenográfica ocupava uma área de 6000 metros quadrados e
possuía oito ruas, nas quais foram construídas 120 casas, uma igreja, a escola
de samba da comunidade e 30 lojas, que serviam de cenário para a gravação da
maior parte das cenas da produção. O ator Lázaro Ramos definiu a fictícia
Portelinha como a visão do autor, Aguinaldo Silva, da favelização brasileira,
pois "trata-se de uma junção de várias favelas e apresenta diversos
personagens típicos desse ambiente".
A escolha do nome, uma homenagem à escola de samba Portela],
rendeu posteriomente ao diretor, Wolf Maya,
e ao elenco um "troféu Águia de Ouro", criado especialmente pelo
carnavalesco Cahê Rodrigues para "retribuir" a homenagem.
Além da Portelinha, a novela tem como base a cidade do Rio de Janeiro. Na primeira fase, foram
gravadas cenas em Recife
(onde o personagem de Ferraço foi criado), em São Bento do Sul, Santa
Catarina (onde foi ambientada a fictícia cidade de Passaredo); e Canela, no Rio
Grande do Sul. No início da segunda fase, várias cenas foram gravadas em Paris, na França, e na
cidade de São Paulo. Em alguns dos últimos capítulos,
foram gravadas cenas em Igarassu, no litoral de Pernambuco.
Vinheta de abertura
Fazendo uso de papel reciclado, latas de refrigerante, retalhos e
pedaços de fios, o artista plástico Sérgio Cezar desenvolveu, a pedido de Hans Donner,
cerca de 1.500 maquetes
que chegaram a ocupar aproximadamente 64m² do estúdio no qual foi gravada a
abertura da novela. Intercalada com imagens em preto-e-branco da própria
fabricação da mini-favela, a abertura dura cerca de 70 segundos, e mostra o
crescimento da comunidade ao redor de dois luxuosos edifícios criados através
de computação gráfica.
Classificação etária
Quando da estreia, a trama foi classificada pelo Ministério da Justiça como imprópria para
menores de 12 anos, classificação que se prolongou durante os primeiros dois
meses e meio. Porém, devido às cenas excessivamente sensuais protagonizadas
pela atriz Flávia Alessandra - intérprete de Alzira, pretensa enfermeira
que trabalhava como "dançarina" num prostíbulo,
a Uisqueria Cincinnati - e ao uso excessivo de palavrões, o órgão
abriu um processo para reclassificá-la como imprópria para menores de 14 anos e
inadequada para antes das 21 horas, e de fato, a partir do dia 24/12/2007, a
trama foi reclassificada como tal. Como forma de evitar a
reclassificação, o autor Aguinaldo Silva chegou a insinuar que a explosão da
boate estaria ligada a essa suposta "censura". Ainda que a Rede Globo
tenha recorrido do caso, alegando que a telenovela havia sofrido mudanças que a
tornariam adequada para menores de 12 anos, a mesma acabou por permanecer nesta
classificação. Assim, a emissora teve que mudar o horário da novela das 20h55
para as 21h, inclusive nas quartas-feiras, quando geralmente a novela começava
mais cedo por causa do futebol. Os capítulos de quarta, foram então encurtados.
Problemas com a autoria
No dia 23 de novembro, a Globo informou, por meio de nota oficial, que o
autor Aguinaldo Silva se manteria afastado dos roteiros da trama, para
"resolver problemas pessoais" - o que posteriormente atribuiu-se à hipertensão.
Sua saída gerou controvérsia entre os atores e a imprensa
especializada, incitando rumores de que ele havia sido demitido. Contudo, na
mesma semana o autor retornou à produção, pois havia sido impedido de viajar a Portugal, por
não ter renovado o passaporte.
Último capítulo no sábado
Duas Caras não teve seu último capítulo re-apresentado. Alegando que
ficaria grande demais, o autor Aguinaldo Silva e o núcleo de novelas da Globo
decidiram não reapresentar o último capítulo, que foi exibido no dia 31 de maio
de 2008, um sábado.
Isso aconteceu pela primeira vez em muitos anos, pois novelas como Renascer e Fera Ferida
tiveram problemas parecidos, mas não deixaram de ter seus últimos capítulos
re-apresentados. O fato fez com que a novela tivesse a menor audiência de um
último capítulo de uma novela das 20h da Globo (47 pontos). No sábado, a
audiência sofre uma grande queda em relação aos outros dias da semana.
Enredo
A telenovela possuiu duas fases distintas. A primeira introduziu os
principais personagens e seus relacionamentos, e era focada majoritariamente
nos protagonistas, Maria Paula e Marconi Ferraço. Após apenas nove capítulos,
essa fase se encerrou e, em 10 de Outubro de 2007, ocorre uma passagem de tempo
de dez anos, avançando a telenovela e apresentando o restante dos personagens.
Prelúdio
Juvenaldo, quando criança, mora com o pai, Gilvan, e mais de dez irmãos em
uma favela de palafitas em Igarassu, Pernambuco. Sem condições de sustentar a família, o pobre
homem vende Juvenaldo a um estelionatário e cafetão chamado Hermógenes Rangel.
Rebatizado de Adalberto Rangel, o menino abandona a família e segue estrada
afora com seu novo tutor, seguindo seus passos criminosos.
Os anos passam e a história chega no ano de 1997. Adalberto, já
adulto, quer ganhar sua própria fortuna sem depender do seu mestre. Decidido a
sumir de circulação, aplica um golpe em Hermógenes e foge com todo o dinheiro
dele.
Tempos depois, ele presencia um grave acidente e, ao revistar os pertences
das vítimas, o casal Waldemar e Gabriela, descobre uma mala com grande
quantidade de dólares, apólices e a fotografia de uma jovem. Segue então para
Passaredo, uma pequena cidade do interior do Paraná
(ambientada em São Bento do Sul, Santa
Catarina) ao encontro da órfã, Maria Paula. O golpista mente para ela ao
dizer que Gabriela pediu, antes de morrer, que ele cuidasse da moça. Os amigos
da herdeira - sua governanta, Jandira, a filha da governanta e melhor amiga de
infância, Luciana, e seu advogado e melhor amigo, Dr. Claudius (que é
apaixonado por Maria Paula) - tentam alertá-la, mas o golpista é rápido e,
mesmo no dia do velório de seus pais, ela é seduzida pelo vigarista e aceita se
casar com ele. Pouco tempo depois, ela descobre que seu marido desapareceu,
levando toda a sua fortuna, deixando-a na miséria e, sem saber que ela estava
grávida. Disposta a recomeçar a vida, Maria Paula parte para São Paulo e, após o nascimento do filho Renato,
aceita o emprego de empacotadora em um supermercado. O golpista, por sua vez,
muda o rosto, o nome e o estilo de vida. Faz uma cirurgia plástica,
compartilhando esse segredo apenas com Bárbara Carreira - prostituta que
trabalhava para Hermógenes, com quem perdeu a virgindade, que se tornaria seu
braço direito por toda a vida - e transforma-se no respeitável empresário da
construção civil Marconi Ferraço. Agora milionário, ele compra uma construtora
quase falida, a GPN.
Entretanto, os vários nordestinos que vieram trabalhar na construtora, e que
ficaram desabrigados com sua falência, se negaram a deixar o local e
encontraram apoio na figura de Juvenal Antena, chefe da segurança, que se
juntou aos operários na luta por seus direitos. E foi num terreno baldio
próximo à antiga obra da GPN que ergueu-se a Favela da Portelinha, um
local onde Juvenal não deixaria faltar nada para seus moradores. Drogas e violência
não seriam permitidas. Quanto a isso, o carismático líder era irredutível.
Ferraço montou sua equipe de trabalho e associou-se ao engenheiro Gabriel
Duarte - marido da perua Maria Eva, fã de Evita
Perón - e ao advogado Paulo Barreto, o Barretão, um especialista em
encontrar brechas para driblar a lei. Juvenal, por sua vez, ganhava cada vez
mais prestígio na Portelinha e sabia que podia contar com sua gente. Admirado,
ele foi se transformando aos poucos em um líder acima do bem e do mal.
Segunda fase
Dez anos se passam. Ferraço é um respeitável empresário, tendo Bárbara como
sua governanta. Decide conquistar Maria Sílvia, moça milionária, elegante, de
família tradicional, porém insensível, que passou muitos anos estudando na Universidade de Sorbonne, em Paris. Ela se
apaixona por ele e aceita se casar meses depois. Maria Paula, agora
nutricionista do supermercado, é convidada a trabalhar no Rio de Janeiro na mesma época em que,
coincidentemente, vê a seu ex marido em uma reportagem de televisão, e descobre
que ele vive na cidade. No dia da festa de noivado de Ferraço e Sílvia, Maria
Paula, que havia descoberto que Adalberto Rangel adotou a identidade de Marconi
Ferraço, o desmascara na frente de todos. O empresário descobre que é pai de Renato,
garoto de dez anos, filho de Maria Paula, e decide se aproximar do garoto, com
a cumplicidade de Sílvia, apenas para evitar que a ex-mulher o ponha atrás das
grades. Porém, o empresário desenvolve um afeto verdadeiro pelo filho, o único
que Ferraço, que se submeteu a uma vasectomia, poderá ter, fazendo com que
Sílvia passe a odiar a criança. Sílvia se mostra uma pessoa perigosa e
desequilibrada, que nutre um ciúme doentio pelo enteado e sua mãe. Na festa de
aniversário de Renato, organizada por Maria Paula na mansão de Ferraço, os dois
começam a indicar que sentem alguma coisa um pelo outro. O pior momento surge
quando Sílvia se atira da escada da casa para estragar a festa. Entre outros
atos criminosos, a noiva de Ferraço tenta matar Renato afogado, fazendo
aparecer o lado humano do vilão, que se joga no lago para salvar o menino. A
partir de então o empresário reconhece que desenvolveu novos sentimentos pelo
filho e a ex mulher. Rejeitada por Ferraço, Sílvia entrega a Renato um dossiê
com a prova de que o golpista roubou todos os bens de Maria Paula e desconhecia
a existência do filho. O menino rompe brevemente com o pai, mas os dois acabam
se reconciliando quando o ex vilão decide investigar suas origens em companhia
de Renato, e assumir sua verdadeira identidade - este era um dos requisitos de
um contrato pré-nupcial proposto por Maria Paula para casar de novo com o ex
marido. Após o casamento de Ferraço e Maria Paula, Sílvia tenta matar a rival
com um tiro, mas a bala atinge o outrora vilão, que se coloca na frente da
esposa para salvá-la. Comovida, Maria Paula, que havia exigido a separação de
corpos em seu acordo pré-nupcial, se entrega ao marido, sem, no entanto,
desistir que ele acerte contas com a justiça.
O pai de Sílvia, João Pedro, vivia um romance extraconjugal há mais de 20
anos com Célia Mara, casada com o mecânico Antônio e mãe de Clarissa. Tantos
anos se passaram que Célia acabou se transformando em uma "segunda
esposa". Ele a conheceu antes de se casar com a poderosa Branca, mãe de
Sílvia. Mulher de requinte, moradora de um luxuoso condomínio da Barra
da Tijuca, forte e determinada, Branca descobre, no dia seguinte ao da
morte do marido, que ele tinha uma amante, e por isso trata de se desvencilhar
do título de viúva. Assume a presidência do conselho da Universidade Pessoa
de Moraes, da qual é proprietária, e a transforma em uma instituição de
absoluta excelência na educação superior do Brasil. Em determinado momento,
incomoda-se com a aproximação entre o professor Francisco Macieira - um antigo
amigo que ela convida para ser reitor e torna-se seu namorado - e Célia Mara, a
qual passa a estudar na sua universidade. Porém, um fato inesperado vai fazer
essas duas inimigas conviverem no mesmo espaço e se confrontarem ainda mais.
Por uma ironia do destino, Célia Mara administra 50% da universidade, já que
Clarissa, sua filha, também é filha de João Pedro, e Sílvia entrega suas ações
para Célia, com o objetivo de se vingar de Branca, que não aceita o
relacionamento dela com Ferraço. A Universidade vira um campo de guerra, devido
à disputa de poderes. A situação piora, pois Célia Mara descobre que Branca usa
o cartão corporativo da Universidade para gastos
supérfluos. Ela aproveita-se do fato para afastar a rival da presidência do
conselho e assume a presidência. O fato causa o caos na UPM, com a suspensão
das doações por parte dos beneméritos. Porém, há uma reviravolta, graças a uma
atitude de Branca, fazendo com que ela vire o jogo; e atitudes impensadas de
Célia Mara, como acusar o reitor Macieira de assédio
sexual, voltam todos contra a amante de João Pedro, até mesmo Clarissa, que
sofre de dislexia.
Branca é irmã de Barretão, considerado uma fera no Direito, porém muito
preconceituoso. Ele é casado com a elegante Gioconda, considerada a última
grande dama da sociedade carioca, que peca pelo vício em calmantes para
tentar resolver os problemas, como se vivesse em uma redoma de vidro. Gioconda
é amiga íntima de Lenir, que vive em sua casa se intrometendo nos seus
probelmas com Barreto. Os dois são pais de Júlia, uma moça inteligente e ativa,
que se apaixona por Evilásio Caó, enfrentando o preconceito da família por se
envolver com um homem de uma classe social mais baixa e, ainda por cima, negro.
Evilásio é morador da favela da Portelinha, que a partir da determinação de
Juvenal Antena, seu padrinho, cresceu e se tornou uma espécie de
"favela-modelo". Líder nato, simpático, homem esperto e hábil nas
palavras, Juvenal mantém firme seu compromisso de não deixar drogas e violência
entrarem no local e de não faltar nada a seu povo.
Do sonho para a realidade foi um pulo. Juvenal se reuniu com seus amigos,
outras figuras respeitadas pelo grupo: o pastor evangélico Inácio Lisboa, o
carpinteiro Misael Caó, pai de Evilásio, a mãe-de-santo Setembrina, que mostrou
na novela a prática da umbanda feita para o bem das pessoas, e o dono de vans
Geraldo Peixeiro. Com a ajuda ainda do secretário de Estado de Serviço Social
Narciso Tellerman, posteriormente deputado
federal, Juvenal organizou uma invasão ao terreno da GPN e firmou sua
comunidade no local. Porém, Marconi Ferraço comprou também o terreno da GPN e entrará
numa batalha judicial e moral contra Juvenal Antena. Toda a população respeita
seu líder, que não aceita nunca ser contestado - o que ocasionará divergências
com seu braço-direito, Evilásio - mas que sempre age pelo povo. Estas
divergências têm início quando a Portelinha é invadida e Juvenal fica
hospitalizado, deixando Evilásio tomando conta de tudo, e têm seu auge quando
ambos se candidatam a vereador.
A Portelinha agita a trama. É lá que se encontra, por exemplo, a família de
Bernardinho, um jovem homossexual explorado pelo pai, Bernardo, pela madrasta,
a dissimulada Amara, e pelos irmãos João Batista (futuramente conhecido como
J.B.) e Benoliel. Mas o rapaz acabará se apaixonando por Dália, sua melhor
amiga, que ele ajudou a salvar das drogas. É ainda na Portelinha que vive
Alzira, prima de Célia Mara e mãe de dois filhos, Dorginho e Manuela. Uma
mulher de bom coração, mas que engana o marido, o imprestável Dorgival, ao
dizer que trabalha como enfermeira, - já que ela sustenta a casa há quinze anos
- quando na verdade faz strip-tease na Uísqueria Cincinatti, dirigida
por Jojô, seu melhor amigo. A certa altura da história, Alzira acaba
conquistando o coração de Juvenal. No decorrer da trama, a Uisqueria
deixa de existir e começa a surgir a figura do Sufocador de Piranhas,
uma pessoa misteriosa que ataca não só as ex-dançarinas da boate, mas também as
várias mulheres da Portelinha.
Último capítulo
Célia Mara e Branca fazem as pazes após se estapearem na universidade. Já
Alzira se muda para a Espanha, com os filhos. Juvenal, por sua vez, torna-se avô,
quando sua filha Solange tem um bebê com Cláudius. A identidade do misterioso
Sufocador de Piranhas foi revelada na pessoa de Geraldo Peixeiro.
Sílvia sequestra Renato, após fugir de um manicômio. A polícia localiza a
vilã, que na fuga, é atropelada por um milionário e vai para a França com
ele, acompanhada por J.B. como motorista e amante.
Ferraço, que havia casado novamente com Maria Paula, é convencido pela
esposa a confessar seus crimes para a polícia. O outrora vigarista fica dois
anos preso, e ao ser libertado, descobre que ela vendeu todos os seus bens e
partiu com o filho para um destino desconhecido. Solitário em uma praia, ele
lamenta ter sido abandonado pela amada quando, inesperadamente, recebe um
telefonema de Maria Paula perguntando como ele se sente por ter sido roubado,
como ela foi um dia. No entanto, a jovem revela que deixou para ele uma
passagem para o Caribe,
ele viaja ao encontro dela e do filho e os dois terminam a novela juntos.
Música
Dentre as peculiaridades da trilha sonora da telenovela, encontra-se Recomeçar,
canção gospel interpretada pela cantora Aline
Barros, a convite do próprio autor da telenovela. Aline foi a primeira
cantora gospel a ter uma canção na trilha de uma novela da Rede Globo.
Contrariando a trilha sonora nacional, a trilha internacional chegou a
ocupar a primeira posição dos CDs mais vendidos do país, puxada pelo sucesso da
canção Same
Mistake, do cantor inglês James Blunt.
Duas Caras foi a terceira novela a divulgar em CD sua trilha sonora
em formato instrumental, fato que só havia acontecido anteriormente em Belíssima,
de Sílvio de Abreu, e em Esperança,
de Benedito Ruy Barbosa.
A produção musical da trama ficou a cargo de Victor
Pozas, ex-produtor musical do seriado Malhação,
que também trabalhou com a carreira musical da protagonista Marjorie
Estiano.
A canção "No One", da cantora Alicia Keys, apesar de fazer parte
da trilha internacional, abrindo o disco, não foi executada na novela.
Repercussão
Audiência
Duas Caras obteve o menor índice de audiência de uma novela das 20h
em seu capítulo de estreia, até então: média de 40 pontos, com picos de 51,
suplantando o recorde negativo da antecessora, Paraíso Tropical, que em sua estreia marcou 41
pontos. Essa marca negativa seria mais tarde superada pelas novelas A Favorita,
Caminho das Índias, Passione e Avenida
Brasil, que ficaram abaixo dos 40 pontos em suas estreias. Os dois
capítulos seguintes de Duas Caras alcançaram números ainda menores (média de
35,5 no segundo, e 33,7 no terceiro).
No entanto, a audiência aumentou efetivamente após o terceiro mês, quando a
trama (segundo informações no Projac), centrou-se mais nos perfis e conflitos dos três
protagonistas.
Em seu último capítulo, exibido num sábado, dia em
que a audiência cai muito, Duas Caras marcou a pior média de último
capítulo das telenovelas das 21h até então, com 47 pontos, sendo
superada dois anos depois por Viver a
Vida (2010), que marcou 46 pontos, e coincidindo com Insensato Coração (2011) e Fina
Estampa (2011), todas com os últimos
capítulos exibidos na sexta-feira.
Na quinta-feira, 29 de maio de 2008, Duas Caras bateu o seu recorde de audiência. De
acordo com a assessoria de imprensa da Globo, a média consolidada do Ibope, foi
de 52 pontos de média e 70% de share.
A novela teve média geral de 41,1 pontos, índice inferior à maioria das
predecessoras na década, com exceção da novela Esperança,
mas superior às cinco novelas seguintes. Segundo dados consolidados do Ibope
(final de março de 2012), foi a última novela no horário a atingir e
ultrapassar a marca geral de 40 pontos.
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